Contos Cantados
Contos cantados is an itinerant performance, a book and above all is a vault of songs of the past. Sung by Carlos Marques , a founder of Trimagisto , these folk songs gain another life and new set of shoes that will carry them for the next one hundred years, until the next storyteller revives them again, so they last through the ages. It was a pleasure for me to dive into these versions of some of the stories that are rooted deep in our folkloric imaginary, along with the petit-giant Mafalda Milhões, from Bichinho de Conto . The book is compiled of seven stories that give us seven different imaginaries, once seven different books, so I color coded each story-chapter and using the same technique (linoleum print) I tried to use a different approach to every story. Being a book of old stories we wanted to make it as aged as we could so any opportunity we had we used traditional techniques and artisans to give their hand to the project. You can purchase the book here and you can choose between two different color cover prints.
A morte no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cão, o cão no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar.
O trovador.
Ana Sofia Paiva
Carmelo
Era não era.
Tranglomanglo dos filhos com fome.
Desses nove que ficaram, sonhavam comer biscoitos, deu-lhes um tranglotrico tranglomanglo neles, não ficaram senão oito.
Desses oito que ficaram, sonhavam comer esparguete, deu-lhes um tranglotrico tranglomanglo neles, não ficaram senão sete.
Desses três que ficaram, sonhavam comer os bois… ou rissóis ou caracóis? Deu-lhes um tranglotrico tranglomanglo neles, não ficaram senão dois.
E esse filho que ficou, tinha uma fome de leão, por não ter comido nada, olhem, Acabou-se a geração por não ter comido um pão.
O velho, o rapaz e o burro.
– Olha, aquele, que tolo é! Montado o rapaz, que é forte, e o velho, trôpego, a pé!
— Que patetice tã rata! O tamanhão no burrinho e o pobre pequenito à pata!
— Toleirões, calcando lama! Então, de que lhes serve o burrinho? Não me digam que dormem com ele na cama?!
— Apeiem-se, almas de breu! Coitadinho, querem matar o burrinho? Aposto que não é seu.
— Olha, olha! Dois loucos varridos – ouvem com grandes sussurros – fazendo o mundo às avessas, tornados burros do burro! Hi ho!
— Mais tolo é quem dá ao mundo satisfações.
A velha a fiar
A velha e a cabaça
Ai, velha, velhinha, velhão, como-te inteira com cesta e bordão.
E para o fim comeu uma bela duma açorda furunfuforda, triunfunforda, misericuntorda. E o raio da velha ficou mesmo gorda!!
E quando estava na hora de se ir embora foi ao quintal, etc e tal… Escolheu uma cabaça furunfufaça, triunfunfaça, misericuntaça.
E o lobo comeu a velha desde a pontinha dos dedos dos pés, ali onde está o chulé, até à pontinha dos cabelos brancos da velha. E adorou…
Estava o velho mouco na cama deitado a queixar-se da sua solidão: Estou só, estou só, estou só numa cama só.
Ái, Zé, ái, Zé, cheiras mesmo a chulé. Ái, Zé, ái, vai mas é lavar o pés. Ái, Zé, ái, Zé, gosto de ti como és.
Os velhos e a morte.
Truz! Truz! Truz! Truz!
Vai lá tu!
À morte ninguém escapa, nem o rei nem o papa.
Cantasíssimo, Carlos Marques.
Ilustríssimo, André da Loba.
Trimagisto.
O trovador.
Ana Sofia Paiva
Carmelo
Era não era.
Tranglomanglo dos filhos com fome.
Desses nove que ficaram, sonhavam comer biscoitos, deu-lhes um tranglotrico tranglomanglo neles, não ficaram senão oito.
Desses oito que ficaram, sonhavam comer esparguete, deu-lhes um tranglotrico tranglomanglo neles, não ficaram senão sete.
Desses três que ficaram, sonhavam comer os bois… ou rissóis ou caracóis? Deu-lhes um tranglotrico tranglomanglo neles, não ficaram senão dois.
E esse filho que ficou, tinha uma fome de leão, por não ter comido nada, olhem, Acabou-se a geração por não ter comido um pão.
O velho, o rapaz e o burro.
– Olha, aquele, que tolo é! Montado o rapaz, que é forte, e o velho, trôpego, a pé!
— Que patetice tã rata! O tamanhão no burrinho e o pobre pequenito à pata!
— Toleirões, calcando lama! Então, de que lhes serve o burrinho? Não me digam que dormem com ele na cama?!
— Apeiem-se, almas de breu! Coitadinho, querem matar o burrinho? Aposto que não é seu.
— Olha, olha! Dois loucos varridos – ouvem com grandes sussurros – fazendo o mundo às avessas, tornados burros do burro! Hi ho!
— Mais tolo é quem dá ao mundo satisfações.
A velha a fiar
A velha e a cabaça
Ai, velha, velhinha, velhão, como-te inteira com cesta e bordão.
E para o fim comeu uma bela duma açorda furunfuforda, triunfunforda, misericuntorda. E o raio da velha ficou mesmo gorda!!
E quando estava na hora de se ir embora foi ao quintal, etc e tal… Escolheu uma cabaça furunfufaça, triunfunfaça, misericuntaça.
E o lobo comeu a velha desde a pontinha dos dedos dos pés, ali onde está o chulé, até à pontinha dos cabelos brancos da velha. E adorou…
Estava o velho mouco na cama deitado a queixar-se da sua solidão: Estou só, estou só, estou só numa cama só.
Ái, Zé, ái, Zé, cheiras mesmo a chulé. Ái, Zé, ái, vai mas é lavar o pés. Ái, Zé, ái, Zé, gosto de ti como és.
Os velhos e a morte.
Truz! Truz! Truz! Truz!
Vai lá tu!
À morte ninguém escapa, nem o rei nem o papa.
Cantasíssimo, Carlos Marques.
Ilustríssimo, André da Loba.
Trimagisto.
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